A infecção ocorre quando o hospedeiro ingere pela primeira vez um alimento contaminado, o que leva o protozoário até o estômago, onde ele se reproduz rapidamente. O parasita pode ultrapassar as células intestinais e invadir outras unidades do corpo, o que possibilita sua expansão para outros tecidos do organismo. Em resposta à infecção, o sistema imunológico envolve os protozoários em cistos, que podem ficar alocados em diferentes tecidos do hospedeiro pelo resto de sua vida. “Os cistos formam bolsões que envolvem o protozoário, diminuindo a multiplicação do parasita no organismo”, explica Hilda.
A ingestão de carne mal preparada de animais com esses cistos presentes no organismo, bem como de vegetais e água contaminados, é a principal maneira de infecção do protozoário em humanos. Em sistemas imunológicos saudáveis, o parasita não causa sintomas no hospedeiro na maioria dos casos. Pessoas imunossuprimidas, grávidas ou que vivem com o vírus HIV e pacientes em tratamento quimioterápico ou com drogas imunossupressoras para o transplante de órgãos são as mais propensas a apresentarem sintomas mais graves da doença, que incluem febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação e convulsões. No caso de pessoas grávidas, ocorre a transmissão congênita para os bebês, que podem nascer apresentando amarelamento da pele e dos olhos, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas, além da ocorrência de abortamentos.
Água contaminada, carne mal passada de animais com cistos e vegetais infectados são as principais vias de infecção de humanos pelo parasita. A higiene alimentar é a principal forma de prevenção à doença, pois, apesar de já haver vacinas disponíveis para ovinos, imunizantes próprios para humanos e outros animais ainda estão em fase de pesquisa.
A toxoplasmose pode afetar todos os animais, mas atinge, principalmente, os gatos, que se contaminam pela primeira vez ao caçarem presas infectadas. Nesse caso, milhões de ovos parasitários (oocistos) são espalhados através das fezes durante duas semanas e levam alguns dias para amadurecer e tornarem-se infecciosos para outros animais. Apesar disso, a probabilidade de infecção de humanos através dos felinos é baixa.
Mais informações: e-mail hfpena@usp.br, com Hilda Fátima de Jesus Pena