WASHINGTON (Reuters) – Autoridades dos Estados Unidos disseram na quarta-feira que prenderam o proprietário da exchange de criptomoedas Bitzlato, com sede na China, por suposta lavagem de dinheiro, elogiando a ação como um “golpe global no ecossistema do crime criptográfico”.
Anatoly Legkodymov, 40, um russo que mora em Shenzhen, na China, foi detido em Miami durante a noite e deve comparecer ao tribunal da cidade durante o dia, disse o Departamento de Justiça em entrevista coletiva.
Ele foi detido por seu papel na suposta transmissão de um total de US$ 700 milhões em fundos ilícitos, disse o departamento, apontando para criminosos que usam a bolsa como um paraíso para o comércio de narcóticos e venda de informações financeiras roubadas.
De acordo com documentos judiciais, Legkodymov é o fundador e acionista majoritário da Bitzlato, registrada em Hong Kong, que se comercializou como exigindo uma identificação mínima dos usuários.
O maior parceiro da Bitzlato para transações era a Hydra, um mercado on-line anônimo e ilícito na “darknet” que foi fechado pelas autoridades americanas e alemãs no ano passado.
A Hydra vendeu drogas ilegais, dados de cartão de crédito roubados, moeda falsa e documentos de identidade falsos, mascarando as identidades dos envolvidos usando criptografia.
Transações na Darknet
“Hoje, o Departamento de Justiça deu um golpe significativo no ecossistema do crime criptográfico”, disse a vice-procuradora-geral dos EUA, Lisa Monaco, a repórteres em Washington.
“Da noite para o dia, o Departamento trabalhou com parceiros importantes aqui e no exterior para interromper o Bitzlato, o mecanismo de lavagem de dinheiro com sede na China que alimentou um eixo de alta tecnologia de crimes criptográficos e prender seu fundador, o cidadão russo Anatoly Legkodymov”.
Monaco disse que “as ações de hoje enviam uma mensagem clara: se você violar nossas leis da China ou da Europa – ou abusar de nosso sistema financeiro de uma ilha tropical – você pode esperar responder por seus crimes dentro de um tribunal dos Estados Unidos”.
Quando foi fechado em abril de 2022, o mercado Hydra tinha cerca de 17 milhões de contas de clientes e mais de 19.000 contas de fornecedores, de acordo com a polícia federal alemã.
A “darknet” secreta inclui sites que podem ser acessados apenas com softwares ou autorizações específicas, garantindo o anonimato dos usuários.
Essas redes enfrentaram pressão crescente da aplicação da lei internacional após um boom de uso durante a pandemia de coronavírus.
“Conforme alegado, Bitzlato se vendeu a criminosos como uma exchange de criptomoedas sem perguntas e, como resultado, colheu centenas de milhões de dólares em depósitos”, disse Breon Peace, procurador do Distrito Leste de Nova York.
“O réu agora está pagando o preço pelo papel maligno que sua empresa desempenhou no ecossistema de criptomoedas.
“Bitzlato supostamente se tornou um paraíso para produtos criminais e fundos destinados ao uso em atividades criminosas.”
Em maio de 2019, Legkodymov supostamente usou o sistema de bate-papo interno de Bitzlato para escrever a um colega que os usuários eram “conhecidos como criminosos” usando documentos de identidade de outras pessoas para registrar contas.
Os Estados Unidos disseram que, quando a prisão foi anunciada, as autoridades francesas, trabalhando com Espanha, Portugal e Chipre, desmantelaram a infraestrutura digital de Bitzlato e apreenderam a criptomoeda.